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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Suspensão do direito de dirigir:


Eis uma situação que a maioria das pessoas não  tem conhecimento. Num primeiro momento há uma confusão nos termos suspensão e cassação.
Suspensão é entregar a CNH no DETRAN e cumprir um determinado período sem poder dirigir, podendo ser de 1 mês a 12 meses , caso seja reincidente poderá chegar a 24 meses.
A cassação é entregar a CNH no DETRAN e cumprir 24 meses sem poder dirigir, após esse período, procurar um CFC (AUTO ESCOLA) e começar um novo processo.
Os motoristas acreditam ser a somatória de 21 pontos para ocorrer a suspensão. Enganam-se pois o correto é a somatória de 20 pontos, isto é, ao atingir os 20 pontos o condutor será suspenso por no mínimo 30 dias.
Mas acontece, que apenas uma infração de 7 pontos pode ocasionar a suspensão, como por exemplo, conduzir motocicleta, motoneta ou ciclomotor sem usar capacete, óculos de proteção, ou ainda com a viseira levantada, criança menor de 07 anos ou com farol apagado.
 Excesso de velocidade acima de 50% da máxima permitida, envolver-se em acidente e negar socorro, conduzindo veículo embriagado, participar de racha em via pública, participar de competições, manobras perigosas, ameaçando pedestres.
Um dos pontos principais para ocorrer a cassação, é quando o condutor  estiver com o direito de conduzir  suspenso e cometer uma nova infração. Um exemplo claro, é  você vender  um carro e o comprador não transferir no prazo de trinta dias e na data que foi efetuado a assinatura da venda, você não tomou o cuidado de providenciar uma fotocópia autenticada e informar ao DETRAN. Olhe só o tamanho do problema. Você atingiu os 20 pontos, está com sua CNH suspensa, a pessoa que comprou o seu carro está usando um veículo no seu nome. Um belo dia a pessoa que está usando um carro no seu nome é abordado em uma BLITZ e o policial constatou que o extintor estava vencido. O policial fez uma autuação. A notificação foi enviada para sua residência, pois para o DETRAN, o veículo é seu.  Essa multa do extintor vencido vai gerar a cassação da sua CNH, pois você cometeu uma infração estando com o direito de dirigir suspenso. Isso aconteceu porque a infração cometida é de responsabilidade do proprietário.
Levando em consideração essas informações, cito  algumas regras básicas para evitar transtornos junto ao DETRAN, relacionado a sua CNH ou Permissão.
1.       Manter o endereço atualizado.  (CNH e RENAVAM)
2.       Quando vender um veículo, providenciar uma fotocópia autenticada e informar ao DETRAN. (a responsabilidade passará para o novo proprietário, mesmo ele não transferindo no prazo legal. (30 dias)
3.        Mantenha o veículo com todos os equipamentos obrigatórios operantes.
4.       Portar CNH ou Permissão para Dirigir e licenciamento do veículo. (documentos originais)
5.       Ao receber  uma notificação sem ter sido abordado, poderá apresentar um condutor. Neste momento cria uma situação de legalidade e moralidade. O CTB permite apresentar um condutor! Se não apresentar um condutor a responsabilidade será do proprietário. Mas em se tratando de empresa, essa não possui CNH, portanto, se não apresentar um condutor será lavrado uma nova autuação conhecida como NIC (NÃO IDENTIFICAÇÃO DO CONDUTOR). E será multiplicado pelo número de infrações cometidas.
6.       Respeitar as leis de trânsito.
 Seguindo essas regras não haverá problemas junto ao DETRAN.
44 9952 5559
44 3025 4703

Pai herói, pai bandido!


João Carlos da Costa
Problemas como a (in)segurança pública e violência, economia americana em crise, as bolsas mundiais caindo, catástrofes, corrupção e outras ruins são assuntos que estampam o noticiário todos os dias, seja pelos jornais, televisão, internet ou através de pessoas alarmistas, e nos dão argumentos para inúmeros comentários e longas conversas. Mas há um momento em que gente deve sair da rotina tapar os ouvidos e esquecer que somos sujeitos ativos e passivos de tudo o que acontece ao nosso redor. E, cada momento da nossa vida é diferente e devemos aproveitá-los da melhor maneira possível, principalmente junto aos nossos entes queridos.
Então, só para mudar de assunto, nesta oportunidade falamos de algo extremamente significativo para todas as pessoas que cultuam o Dia dos Pais, comemorado no Brasil, sempre no segundo domingo do mês de agosto. Cá entre nós, sem pretensões de gerar cizânia ou qualquer tipo de constrangimento, mas este mês, tradicionalmente para muitos, é considerado o mês do cachorro louco e das grandes tragédias. Basta lembrar que agosto protagonizou o desaparecimento de pessoas famosas como o ex-presidente Getúlio Vargas, John Lennon e Elvis Presley. Ao contrário do Dia das Mães, festejado no segundo domingo de maio, com muitas mensagens de amor e muito fuzuê e é também conhecido como o mês das noivas, com muitos casamentos e festas, para o gáudio de convidados “arroz-de-festa” e bons de garfo. Comparativamente, nos dois dias, as próprias propagandas são diferenciadas pela forma de apelação: para as mães o lado sentimental é mais trabalhado, enquanto o apelo em relação aos pais é meramente comercial e no final, o presente se resume a um par de meias, um cinto, um perfume ou cueca e tudo bem. Como dizem: só para não passar em branco!
Brincadeiras à parte, tanto do pai quanto a mãe são importantes na formação do caráter e da personalidade dos filhos, pois constituem a base familiar. E, atualmente, a falta de maior participações na vida deles é um dos principais motivos que influenciam também nos índices de criminalidade e violência, porque a maioria das famílias está desestruturada, por separações, divórcios, orfandade, filhos que são revoltados por não conhecerem os pais, etc... Fatos que, psicologicamente, quer queiram, quer não, afetam crianças e adolescentes, causando-lhes insegurança na falta de qualquer um dos genitores e prejudicam a sua estrutura emocional perante a sociedade.
O pai de hoje
A evolução trouxe a igualdade de oportunidades e mudou o modelo de família. Antigamente o pátrio-poder, na acepção da palavra, era do homem, considerado o cabeça da família Atualmente, os papéis já quase não se distinguem, pois da mesma forma que muitas mulheres exercem função dupla, de pai e mãe, a recíproca também é verdadeira. E, percebe-se, que a imagem do pai está totalmente diferente em relação aquela austera e machista de antigamente, quando apenas um olhar já era entendido como repreensão e respeitado como tal.
A flexibilidade agora, diante das circunstâncias proporcionadas por esse mundo mais moderno, é uma das características mais marcantes desse novo modelo de pai. E isso, da mesma forma que tem facilitado a convivência entre pais e filhos, também tem gerado alguns conflitos, porque os filhos vêem na mãe a pessoa terna, permissiva, compreensiva, amorosa e sentimental e abusam disso. E o pai, ao impor limites nas atitudes dos filhos, nem sempre são respeitados como deveriam, e são vistos algumas vezes como algozes, principalmente quando dizem “não”, um monossílabo que sempre soa de forma ofensiva. No fundo, pela própria natureza racional do sexo masculino, o que um pai mais quer é transmitir as experiências e os ensinamentos da vida, mesmo que à sua maneira. É, geralmente a forma pela qual demonstra seu amor pelos filhos e, por isso, nem sempre é compreendido pela timidez ao não conseguir dizer “eu te amo” e, às vezes é visto, ora como herói, ora como bandido.
Esta é a sina dos pais que, independente de serem pessoas simples ou não, puros ou cheios de vícios e defeitos, sempre serão para nós, filhos o amparo e fortaleza, além de, motivo de orgulho e exemplos a serem seguidos. Pelo menos é o que os verdadeiros pais pretendem! E, apesar de nem sempre mostrar fragilidade, também carecem de carinho e atenção especial. Não só quando comemora o seu dia, mas também nos outros.
Aproveitando a oportunidade, desejo aos queridos leitores, filhos, pais e também avôs, um feliz Dia dos Pais e que Deus os abençoe!
João Carlos da Costa
 Bel. Químico, Bel. em Direito (aprovado pela OAB), Professor e Policial Civil. Contatos: João_22@terra.com.br

Um abrigo para bebês abandonados


A roda dos enjeitados – local onde as crianças eram colocadas para doação – era um processo civilizador em uma sociedade que não considerava o infanticídio crime

 
O abandono de crianças é uma prática antiga, tendo registros na Bíblia, no caso de Moisés, e na tragédia grega, com Édipo Rei. Mas foi depois da Peste Negra (1348) que o número de bebês deixados à própria sorte se multiplicou pelas cidades europeias. Coube à Itália criar as primeiras rodas dos “enjeitados” (ou expostos), nome dado às crianças abandonadas pelos pais. As Santas Casas de Misericórdia tinham cilindros de madeira giratórios fixados na parede que serviam de contato com o mundo externo. Inicialmente, eram usados para receber doações e mantimentos, mas com o tempo passaram a ser o destino de recém-nascidos rejeitados. Normalmente a criança era abandonada na calada da noite e a mãe, assim, tinha a identidade preservada. Ao colocar o bebê, tocava-se uma campainha e a rodeira da instituição cristã vinha recolher o rebento.
O Brasil passou a adotar a roda dos enjeitados como uma herança do reino português. O primeiro registro de que se tem notícia de uma Casa de Enjeitados no país é na capital baiana, Salvador (1726); depois aparece uma no Rio de Janeiro (1738) e outra no Recife (1791). Segundo o professor de arquivologia Renato Pinto Venancio, da Universidade Federal de Minas Gerais, durante o Brasil colonial existiram quatro rodas (fora as citadas, havia uma em Campos-RJ). “Mas, após 1840, elas chegaram a ser 14, depois começaram a fechar. A última foi a de São Paulo, que encerrou as atividades em 1950”, diz.
Como o número de crianças abandonadas crescia no Brasil, entre os séculos 18 e 19, a corte portuguesa inicialmente se preocupou em resolver o problema, já que o infanticídio não era visto como crime, mas pecado. “Ao saber que as crianças expostas eram devoradas por cães e porcos, isso se tornou um incômodo aos administradores portugueses”, afirma a historiadora Alcileide Cabral do Nas­­cimento, da Universidade Fe­­deral Rural de Pernambuco. A roda foi também um processo civilizador. “O Estado começa a desestimular as práticas infanticidas, pois não era aceitável uma selvageria dessas”, lembra Alicileide. Como as crianças normalmente eram abandonadas perto de rios, em monturos (lixões da época) ou até na beira das praias, muitas morriam sem ao menos receber o batismo. Por isso, o acolhimento em instituições católicas seria favorável para, pelo menos, as crianças receberem a “salvação”. “Criou-se um medo entre os adultos de que as almas das crianças ficassem penando naquele lugar de espera eterna”, diz Alcileide.
Venancio lembra ainda que as rodas estavam em instituições religiosas porque, como parte das crianças abandonadas eram pobres, entendia-se que “as desigualdades sociais eram um desígnio de Deus, para proporcionar a salvação das almas daqueles que vivem na fortuna.” “Hoje, isso parece estranho, mas era assim que funcionava na sociedade da época”, explica.
Motivações
Entre os séculos 18 e 19, as rodas do Rio e de Salvador receberam 40 mil crianças abandonadas. De acordo com Venancio, a expectativa, na época, era de que 10% dos recém-nascidos eram enjeitados. E isso ocorria principalmente por dois fatores: miséria ou honra. As mulheres brancas e livres da elite que se arriscavam em encontros clandestinos e amorosos, e que ficavam grávidas, abandonavam os filhos para ter a garantia de um matrimônio bem sucedido, afinal mulher solteira que virava mãe era por fruto do pecado. Mulheres e homens casados que tinham amantes e geravam filhos ilegítimos também os abandonavam por uma questão de honra familiar.
Oportunidade
As escravas viram na roda uma maneira de livrar os filhos da escravidão. Por isso algumas usaram o sistema para libertar os pequenos, abandonando-os. Alcileide também encontrou nos documentos que pesquisou viúvos que largaram o filho na roda porque a mãe havia morrido no parto, bem como crianças com deficiências físicas e mentais. “Neste período, os pais que tinham filhos deficientes eram vistos como pecadores, por isso era uma vergonha apresentar os pequenos à sociedade”, explica a historiadora.
Casais pobres com muitas crianças deixavam bebês na roda até que pudessem ter condições de criá-los. E, para identificar as crianças, as rodas montaram fichas de identificação. No livro de entrada (de registro), as crianças recebiam um nome (quando não vinham com o nome escrito em um bilhete) e ali se detalhava qual o horário que o pequeno chegou, quanto aparentava ter de dias ou meses de vida e que roupas vestia. Assim, se a família voltasse para procurar a crianças, seria mais fácil identificá-la.
Bilhetes pediam o batismo dos recém-nascidos
Muitas crianças chegavam à roda dos expostos com um bilhetinho junto ao corpo: na maioria das vezes um pedido dos pais para que a criança fosse batizada. “A preocupação central era a salvação espiritual”, afirma o professor de arquivologia Renato Pinto Venancio, da Universidade Federal de Minas Gerais. Às vezes, o bilhete vinha com uma justificativa do abandono: em geral, por causa da morte dos pais, doenças familiares, vergonha do filho ilegítimo e até abandono por necessidade de viagem. “Houve pais que deixaram um bilhete dizendo que mais tarde buscariam o filho, porque naquele momento não tinham condições de criar”, lembra a historiadora Alcileide Cabral do Nascimento, da Universidade Federal Rural de Pernambuco.
Ao contrário do que se imagina, inicialmente os enjeitados eram, em sua maioria, crianças brancas. Alcileide explica que aparentemente não houve preferência dos pais em abandonar filhos em decorrência do sexo. “A exceção vem de Porto Alegre, onde, entre 1845 e 1856, foram expostas mais meninas (62,4%) do que meninos (37,6%).” Só no século 19 é que há uma tendência de diminuição das crianças brancas e um aumento das mestiças. “Na segunda metade do século 19 existe a difusão das teorias racistas no Brasil e as crianças negras e mestiças eram vistas como raças degeneradas”, afirma Alcileide.
Mortes
O acesso às rodas dos enjeitados também não era garantia de sobrevivência. Alcileide lembra que 70% dos rebentos morriam depois de serem abandonados na roda, seja porque adquiriam doenças, como a sífilis, das amas-de-leite (mulheres contratadas pelo Estado para amamentar os abandonados), porque eram maltratados e até por falta de higiene. “É como se o Estado chamasse para si o direito de matar, porque as crianças morriam sob responsabilidade dele.” Venan­­cio lembra ainda que a mortalidade também estava atrelada à amamentação artificial: “Não se sabia como eliminar os microorganismos do leite de vaca, por meio da fervura. Isso só foi descoberto depois do século 19.”
Mudança
As rodas fecharam na Europa no século 19 e, no Brasil, só um século depois: a última funcionou em São Paulo até 1950. Isto porque, houve uma valorização da maternidade e na normatização da sexualidade feminina. “O discurso médico passou a ser que a maternidade é natureza de qualquer mulher”, explica Alcileide. As amas de leite, antes vistas como salvadoras das crianças abandonadas (e disputadas até pelas mulheres de grandes fazendeiros, para a amamentação dos filhos), passaram a ser vistas como um ato de desamor.

Precocidade
Aos 7 anos, crianças iam trabalhar
Crianças abandonadas nas rodas dos expostos ficavam na instituição religiosa ou iam viver com uma ama de leite até completar cerca de 3 anos. Isso porque a casa costumava ficar cheia e, quando a demanda era muito grande, restava às câmaras municipais contratar amas para o cuidado das crianças. Quando não tinha condições de amamentar, ela era chamada de ama-seca.
As crianças ficavam nas rodas até os 7 anos. Depois disso, elas começavam a trabalhar. Os meninos iam para agricultura, para as escolas de ofício, internatos e alguns foram preparados até para a guerra (garotos deixados na roda chegaram a ser enviados à Guerra do Paraguai). Já as meninas viravam empregadas domésticas. O problema é que muitas sofriam maus-tratos e eram violentadas sexualmente, por isso fugiam e retornavam à roda.
Já no início do século 20, a roda dos expostos começou a enfrentar outros problemas, porque crianças maiores, com 7, 10 e 12 anos eram simplesmente abandonadas em frente às instituições. Foi também por causa disso que o governo se viu obrigado a criar os orfanatos.
Fonte: www.gazetadopovo.com.br

Conheça os senadores mais caros da república


Dos 81 senadores, dez foram responsáveis por mais de 20% dos gastos com verba indenizatória no primeiro semestre deste ano. A senadora Ângela Portela soma
o maior número de despesas ressarcidas pelo Senado
 
A senadora Angela Portela foi quem mais usou a verba indenizatória do Senado no primeiro semestre do ano.

Gasolina, hospedagem, alimentação, passagens aéreas, aluguéis e até consultorias… Os senadores gastaram R$ 5 milhões com isso e muitas outras coisas durante o primeiro semestre. Só um grupo de dez parlamentares usou mais de R$ 1 milhão, ou 20% do total.
Este ano, o Senado criou o seu “cotão”, ao unificar o limite de gastos com bilhetes aéreos e a verba indenizatória, a exemplo do que fez a Câmara em 2009, depois da revelação da farra das passagens. Por isso, cada um deles pode gastar de R$ 21.045,20 a R$ 42.855,20 por mês, dependendo do estado de origem, por meio da Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar dos Senadores (Ceaps).
A principal despesa dos senadores é com locomoção, hospedagem, alimentação, combustíveis e lubrificantes. Foram R$ 2 milhões com esse tipo de gasto, ou 41% do total.
Em segundo lugar, figuram as despesas com aluguéis de escritórios políticos nos estados. Os senadores gastaram R$ 1,3 milhão com locação de imóveis (26% do total). Apesar de terem servidores concursados nas Consultorias Legislativa e de Orçamento à disposição, os políticos ainda gastam quase R$ 700 mil com pesquisas e serviços externos de consultoria, a terceira maior despesa.
A campeã de gastos com o “cotão” foi Ângela Portela (PT-RR), ex-deputada em seu primeiro mandato como senadora. A regra que uniu as verbas no Senado favoreceu a acomodação de despesas da senadora do PT de Roraima. Em seis meses de mandato, Ângela já usou 64% dos R$ 180 mil a que teria direito apenas com a verba indenizatória no ano inteiro. Mas ela usou apenas 4% dos R$ 235 mil a que teria direito com bilhetes aéreos este ano, segundo a regra antiga. “Não estava dando para encaixar”, explicou a assessoria da senadora.
Juntando as duas coisas numa cesta só, Ângela Portela e seus colegas senadores ganharam mais flexibilidade nos gastos. Em seis meses, ela usou R$ 124 mil do cotão, mas isso representa só 30% dos R$ 415 mil que pode usufruir até dezembro.
Distância
Em nota ao Congresso em Foco, a senadora Ângela diz que o fato de ser de Roraima contribuiu para que ela gaste mais que os outros colegas. “A Ceaps incorporou também as despesas com passagens aéreas entre Brasília (DF) e o estado onde os senadores têm suas bases eleitorais, o que elevou o total disponível e utilizado. Sendo Boa Vista a capital mais distante do país em relação a Brasília, é natural que os senadores de Roraima tenham uma cota maior.”
Mas os senadores de Roraima não são os que têm o maior valor de verba disponível. À frente deles, estão Amapá, Pará, Maranhão, Amazonas e Bahia. Desses estados, só João Durval (PDT-BA) e Mário Couto (PSDB-PA) estão na lista dos que mais gastam com o cotão, mas eles usaram menos verba que Ângela.
De todo modo, a senadora enfatizou que o dinheiro da verba é aplicado em atividades necessárias ao exercício de sua função pública. “Os recursos da Ceaps são utilizados com cuidado, no estrito cumprimento das necessidades inerentes ao mandato. Todos os recursos foram empregados em conformidade com as determinações do Senado Federal e comprovados por meio das respectivas notas fiscais e, no caso das passagens aéreas, também dos bilhetes e cartões de embarque.”
Desabrigados
A assessoria da senadora Ângela afirmou ao site que os gastos mais elevados dela se referem a uma campanha de TV sobre o “mandato participativo”. Nela, havia a publicidade das ações de Ângela e espaço para os eleitores participarem com sugestões e críticas. Com divulgação, a senadora gastou R$ 50 mil de seu cotão no primeiro semestre.
Outra fonte de grandes despesas para Ângela foi um carro alugado no período das enchentes em Roraima. De acordo com a assessoria da senadora, o veículo era usado para prestar assistência aos desabrigados. Com locomoção, combustíveis e lubrificantes, o gabinete gastou R$ 38 mil.
A reportagem pediu esclarecimentos aos dez senadores que mais utilizaram o cotão no primeiro semestre. Mas só a assessoria de Ângela retornou os contatos até a segunda-feira (8).
Fonte: congressoemfoco.uol.com.br

De cada 10 jornalistas registrados, quatro são “sem diploma”


Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que desde o segundo semestre de 2010, 40% dos registros de jornalistas em todo o território nacional foram conferidos a profissionais sem graduação específica em Jornalismo (veja quadro)
Graduação
De cada 10 jornalistas registrados, quatro são profissionais sem graduação específica na área, segundo dados entre 1º julho de 2010 a 29 de junho de 2011, após a formalização de normas para o registro de jornalistas com e sem graduação na área.

Internet e democratização da notícia trazem de volta o clima dos cafés e tavernas do século XIX


Há trezentos anos, as notícias viajavam pelo boca-a-boca ou por cartas, e circulavam por tavernas e cafés na forma de panfletos, boletins e cartazes. Tudo mudou em 1883 quando o primeiro jornal de massa, o New York Sun, foi um pioneiro no uso da propaganda para reduzir os custos das notícias, e dando um público mais amplo aos publicitários. Na época de seu lançamento, o jornal mais vendido dos Estados Unidos vendia 4500 cópias diariamente, mas rapidamente atingiu 15 mil vendas diárias. A pequena imprensa, seguida pelo rádio e a televisão, transformou as notícias em uma conversa de duas vias, em uma transmissão de mão única, com um número relativamente pequeno de empresas controlando a mídia.
Na maior parte do mundo, a mídia de massa está prosperando. A circulação de jornais cresceu globalmente em 6% entre 2005 e 2009, ajudada por uma forte demanda em locais como a Índia, onde 110 milhões jornais são vendidos diariamente. Mas os números globais mascaram um alto declínio na leitura nos países ricos.
Leitores viram produtores
Na década passada, no mundo ocidental, a população vem desistindo dos jornais e dos noticiários televisivos, e se mantendo atualizada de maneiras diferentes. Mais incrivelmente, pessoas comuns estão cada vez maios envolvidas no processo de compilar, compartilhar, discutir e distribuir as notícias. O Twitter permite que pessoas em qualquer parte do mundo relatem o que estão vendo. Documentos secretos são publicados incessantemente na internet. Filmagens realizadas com telefones celulares das revoltas no mundo árabe e dos tornados norte-americanos são disponibilizadas nos sites de redes sociais. Um vídeo amador registrado durante o terremoto do Japão foi assistido mais de 15 milhões de vezes no YouTube. Projetos de crowdsourcing juntam leitores e jornalistas que analisam toneladas de documentos, que vão das contas dos políticos britânicos aos e-mails de Sarah Palin. Redes sociais ajudam as pessoas a encontram, discutir e compartilhar as notícias com seus amigos.
E não são apenas os leitores que estão desafiando a elite midiática. Empresas de tecnologia como o Google, o Facebook e o Twitter se tornaram importantes (e, dizem alguns, importantes até demais) ferramentas de disseminação das notícias. Celebridades e líderes mundiais, incluindo Barack Obama e Hugo Chávez publicam updates diários nas redes sociais; muitos países agora disponibilizam por meio de iniciativas de “governo aberto”. A internet permite que as pessoas leiam jornais do mundo todo: o Guardian, um jornal britânico, agora tem mais leitores online no exterior do que no Reino Unido. A internet também permitiu que novos provedores de notícias, de blogueiros individuais a sites como o Huffington Post, ganhassem destaque em um curto espaço de tempo, e tornou possível uma nova abordagem do jornalismo, como o praticado pelo WikiLeaks, que deu às fontes uma nova maneira anônima de publicar documentos. O rumo das notícias não é mais controlado por poucos barões da mídia e empresas estatais como a BBC.
Os riscos do novo jornalismo
A princípio, todo liberal deveria celebrar esse cenário. Um ambiente de notícias mais participativo e social, com uma impressionante diversidade e amplitude de fontes, é uma coisa boa. Um texano que antes dependia do Houston Chronicle para interpretar o mundo agora pode coletar informações de toda uma enorme gama de diferentes fontes. Ditadores autoritários ao redor do planeta agora têm mais a temer. E daí, dirão vários, se agora os jornalistas têm carreiras menos estáveis? Mas duas preocupações surgem nesse novo cenário do jornalismo.
A primeira delas é a perda do “jornalismo confiável”, que detém o poder da credibilidade. A queda nas receitas reduziu a quantidade e a qualidade do jornalismo investigativo e das reportagens políticas locais na imprensa escrita. Mas o jornalismo da velha gurda nunca fui o exemplo de moral que os jornalistas adoram acreditar que foi. De fato, o News of the World, um jornal britânico que foi pego grampeando telefones celulares é uma tradicional fonte de escândalos. E nesse meio-tempo, a internet está produzindo novas formas de credibilidade. Um grupo cada vez maior de sites como o ProPublica, a Sunlight Foundation e o WikiLeaks estão ajudando a preencher o vazio deixado pelo declínio da mídia investigativa. Esse ainda é um trabalho em desenvolvimento, mas os graus de atividade e experimentação dão motivos para o otimismo.
A segunda preocupação tem a ver com a parcialidade. Na era da mídia de massa, monopólios locais deveriam ser relativamente imparciais para maximizar seu apelo para leitores e publicitários. Em um mundo mais competitivo, o dinheiro parece estar criando uma câmara de eco para os preconceitos: dessa forma, a Fox News, um canal de notícias da TV a cabo norte-americana tem lucros maiores que CNN e MSNBC – seus rivais mais moderados – juntos.
De certa forma, a disponibilidade cada vez maior de notícias parciais é bem-vinda. No passado, muitas pessoas – em especial, norte-americanos de direita, já que a maior parte da televisão norte-americana era inclinada mais à esquerda – não tinha anda que refletisse suas visões. Mas à medida em que as notícias ganharam uma carga maior de opinião, tanto a política quanto os fatos passaram a pagar um preço alto: é só observar quantos conservadores norte-americanos insistem na ideia de que Barack Obama não nasceu nos Estados Unidos, e a recusa em aceitar o fato de que os impostos devem aumentar no país.
O que deve ser feito? No nível social, não muito. A transformação do mundo da notícia é incontrolável, e as tentativas de revertê-la estão fadadas ao fracasso. Mas há pequenos passos que podem ser dados para conter essas preocupações. Como produtores do novo jornalismo, os indivíduos podem ter escrúpulos com os fatos e transparência com as fontes. Como consumidores, podem ser universais em seus gostos e exigentes em seus padrões. E embora essa transformação gere preocupações, há muito a ser celebrado no barulhento, diverso, voraz, argumentativo e berrante ambiente do mundo das notícias na era da internet. A era do boca-a-boca nos cafés voltou. Fonte: opiniaoenoticia.com.br

Nova lei deve aliviar superlotação nas cadeias


Mais de 16 mil presos em regime cautelar no Paraná - e 200 mil em todo o Brasil - poderão pleitear na Justiça revisão de seu processo. A partir de segunda-feira, entra em vigora Lei nº 12.403/11, que altera mais de 100 artigos do Código de Processo Penal e estabelece medidas diversas de prisão.
“Se a pena prevista for inferior a quatro anos, o juiz não poderá decretar prisão, salvo se o cidadão já tiver sido condenado por outro crime doloso ou se for caso de violência doméstica ou familiar”, explica o professor de Processo Penal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Jacinto Coutinho.
A nova lei vai permitir a manutenção da prisão nos casos em que houver dúvida quanto à identidade do preso. “Se for esclarecida a identidade, o cidadão será solto imediatamente se não houver outro motivo de prisão”, esclarece o promotor do Centro de Apoio Criminal do Ministério Público do Paraná, Paulo Markowicz de Lima.
Flagrante
As prisões em flagrante vão se submeter ao regime da prisão preventiva porque se trata de uma medida cautelar. “O flagrante não poderá ser por si gerador de permanência na prisão. O juiz deverá manter a prisão por meio de decreto de prisão preventiva se for cabível”, afirma Lima.
De acordo com o promotor, a nova lei possibilita aplicar medidas cautelares diferentes da prisão e substitui a prisão preventiva em casos menos graves. A lei acrescenta como medida cautelar: proibição de acesso ou frequência a determinados lugares; de manter contato com pessoa determinada; de ausentar-se da comarca; recolhimento domiciliar no período noturno quando tiver residência e trabalho fixos; suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica; internação provisória; fiança e monitoração eletrônica. Fonte: Parana-online

Semana estadual de prevenção ao uso indevido de drogas


Com o lema “Paraná, te quero sem drogas”, começa nesta segunda-feira (27) a 16ª Semana estadual de prevenção ao uso indevido de drogas. A abertura do evento será feita pelo Governador Beto Richa, no Palácio das Araucárias, às 14h30, com a presença de diversas autoridades, entre elas a Secretária Nacional Antidrogas, Paulina do Carmo Vieira Duarte.
Promovido pela Secretaria da Justiça e da Cidadania do Paraná, por meio de sua Coordenadoria Estadual Antidrogas, as atividades da semana seguem até a sexta-feira, dia 01 de julho, com debates em torno do tema: Políticas Públicas Estaduais Antidrogas e Gestão em Rede.
A abertura da semana de atividades será marcada pelo lançamento da Rede Estadual de Prevenção e pela assinatura de convênio de cooperação técnica de prevenção ao uso de drogas, entre Governo do Paraná e Prefeitura Municipal de Curitiba.
Na Terça-feira (28), as atividades da semana antidrogas serão no plenarinho da Assembleia Legislativa, a partir das 9 horas da manhã. Na quinta-feira (30), também a partir das 9 horas da manhã, o debate será na Câmara Municipal de Curitiba, com o tema Redução da Oferta. Nesse mesmo dia, no período da noite, haverá nova atividade da semana no Tribunal de Justiça do Paraná, sob o tema Estudo, Pesquisas, Legislação, Internamento Involuntário. No último dia de atividades da semana, sexta-feira (01), haverá debate em torno do tema Tratamento e Redução de Danos, na Prefeitura Municipal de Curitiba.
ABERTURA - Além do Governador Beto Richa, e da Secretária Nacional Antidrogas, Paulina Duarte, participam da abertura da Semana estadual de prevenção ao uso indevido de drogas o vice-governador e secretário da Educação, Flavio Arns; o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci; a Secretária da Família e do Desenvolvimento Social, Fernanda Richa; Secretário da Saúde, Michelle Caputo Neto; o Secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César; e a Secretária da Justiça e da Cidadania, Maria Tereza Uille Gomes, que falará sobre as Políticas Públicas Antidrogas, e o coordenador estadual antidrogas, Jorge Pilotto.
Mais informações sobre a programação da semana estão no site:                       http://www.seju.pr.gov.br/antidrogas

A saga inflacionária


“O livro é um mudo que fala; um morto que vive”, ensinava o Padre Antonio Vieira, nas suas notáveis pregações em um Brasil colonial rude e atormentado pela ignorância. Conhecer o passado e a realidade vivente é missão impostergável para as gerações que edificarão o futuro.
Estudar e analisar o passado, nos seus erros e acertos, não é devaneio. É o único caminho que existe para a construção de uma sociedade que contemple o desenvolvimento com justiça social e fundamentada nos valores democráticos. Lutar pela consecução desse princípio universal é missão das novas gerações de brasileiros.
A jornalista Miriam Leitão, competente militante do jornalismo econômico, acaba de lançar o livro “Saga Brasileira – a longa luta de um povo por sua moeda”. É leitura obrigatória para os brasileiros conscientes. Nele, sistematizou e condensou os terríveis desafios que permitiram o Brasil a se livrar da hiperinflação crônica que vinha dinamitando a vida de milhões de famílias. Levando muitas ao desespero de não poder enxergar o futuro para os filhos e netos. Resgata para conhecimento das novas gerações, que não conheceram o câncer inflacionário, o que significa ter uma moeda estabilizada.
A Editora Record ao editar a obra da excelente profissional, colunista do jornal “O Globo”, presenteia os seus leitores com um livro a se incorporar, com méritos, na história econômica brasileira. Nele a autora transcreve números irrefutáveis da calamidade social expressada pela hiperinflação. Nos 15 anos que antecederam o Plano Real, a inflação acumulada foi de 13 trilhões e 342 bilhões por cento.
Comparativamente, a partir do real, de julho de 1994 até dezembro de 2009, a inflação acumulada foi de 196,87%. No apogeu do descontrole inflacionário, entre dezembro de 1979 a janeiro de 1991, com as maxidesvalorizações do ministro Delfin Neto (governo Figueiredo), Plano Cruzado, Plano Verão, Plano Bresser e os Planos Collor I e Collor II, a partir de 1991, a inflação acumulada atingiu a cifra inacreditável de 13 trilhões e 342 bilhões por cento.
“Saga Brasileira – a longa luta de um povo por sua moeda” é leitura direta, objetiva sem a tecnicalidade do economês. E nele o povo é o grande protagonista que convivia diariamente com remarcações de preços, mercadorias que desapareciam para logo em seguida surgir com novos preços. A família brasileira, penosa e dolorosamente, vivia guerra diária para abastecer o seu consumo de alimentos básicos.
E se estendia pelo cotidiano da totalidade das suas despesas e gastos. O economista Pérsio Arida, um dos autores do Plano Real, em artigo no “Globo” (15-05-2011): “Miriam Leitão conta-nos a história da nossa moeda entremeando conversa de bastidores, depoimentos pessoais, erros e acertos da política econômica. Longe dos muitos aborrecidos textos acadêmicos, o que se lê é uma história viva, fluente.”
A hiperinflação recaiu em toda a sociedade, destacadamente nos trabalhadores e assalariados em geral. Alavancando a brutalidade da concentração da renda, punindo pelo empobrecimento os detentores de ganhos fixos. Os donos de capitais e investimentos, naquela conjuntura adversa, tinham mecanismos de defesa do patrimônio. Se nutrindo da indexação da economia que alimentava a hidra inflacionária de modo permanente. Hoje a estabilização econômica é um patrimônio que os brasileiros defendem como extensão das suas vidas.
O livro tem, ainda, o mérito de apontar a origem da hiperinflação. Miriam Leitão é objetiva: “Quero desmistificar a idéia de que na ditadura militar (1964-1985) a política ia mal. Enquanto a economia ia bem. Os governos democráticos herdaram uma bomba, que tiveram de desarmar. Uma herança maldita de descontrole fiscal, dívida externa e correção monetária.”
Hélio Duque
Doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira.

Dados sobre mandados de prisão são imprecisos


Segundo o Departamento Penitenciário Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Justiça, a informação de que o Brasil tem mais de 300 mil mandados de prisão não cumpridos é apenas uma suposição. A informação foi divulgada pelo Instituto de Direitos Humanos da International Bar Association em análise sobre o sistema criminal brasileiro. O documento também constatou que o país tem a quarta maior população carcerária e que 44% dos detentos são presos provisórios.

Segundo Airton Michels, presidente do Depen, não há dúvidas de que os números são altos, porém não há hoje um sistema que dê a real quantidade de mandados não cumpridos. O número cresce porque há estados em que a polícia não é comunicada pela Justiça sobre a prescrição de um crime e há casos em que são expedidos até cinco mandados de prisão para uma só pessoa. "Esse número pode ser 50 mil, 100 mil. Duvido que seja 300 mil. É preciso contar também o grande número de foragidos do sistema semi-aberto". Michels conta que já é prevista uma parceria entre o Ministério Público e o CNJ para criar um sistema que apure este tipo de informação em detalhes.
Sandro Torres, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal, também supõe que o número de mandados de prisão não cumpridos deve passar dos 100 mil. Para ele, o não cumprimento das ordens se dá pela falha de contato entre os estados para trocar informações sobre casos de condenado em fuga, por exemplo.
Presos provisórios
Sobre o número de prisões provisórias, especialistas concordam que não se trata de uma exclusividade brasileira. Muitos países da América Latina tem o mesmo índice também por motivos semelhantes, segundo o Depen. Os números também mudam de estado para estado brasileiro. O Rio Grande do Sul tem menos de 30% de presos provisórios, enquanto o Pará chega a 70%. Quanto mais remota a cidade ou município, maior o índice.
"A prisão provisória não é uma anomalia. Em países europeus a taxa é de 25%. O processo tem um tempo, isso é normal", afirma Michels. O presidente do Depen concorda com as justificativas apresentadas pelo relatório da IBA, principalmente em relação à carga de trabalho do judiciário. Porém, ele destaca a importância de mudar a cultura do Ministério Público e dos juízes que prendem mais para atender a um clamor público. Nos mutirões promovidos pelo CNJ comprovam-se alguns casos de presos por pequenos furtos que poderiam responder em liberdade. "Esse trabalho, o Depen tem feito em conjunto com o CNJ. Já se promoveram seminários para que os juízes de execução tenham maior sensibilidade ao optar para a prisão provisória".
Para Michels, uma das soluções para enfrentar a superlotação das presídios é apostar em penas alternativas, o que já têm ocorrido, e outras soluções como o monitoramento eletrônico, hoje só utilizado para controle de presos do semi-aberto. Ele discorda da afirmação do relatório de que a construção de mais presídios pode incentivar o número de prisões provisórias. "Independentemente do número de presos provisórios, o país precisa investir em presídios para que os detentos cumpra pena com dignidade. Hoje vive-se uma situação de pré-civilização na maioria dos presídios", afirma. Além disso, ele afirma que não há dados no mundo que comprovem a relação entre o índice de criminalidade e número de prisões.
A procuradora-regional da República, Janice Ascari ressalta que a prisão provisória não ocorre somente no Brasil e faz parte de um processo justo. Para a procuradora, a justificativa para os altos índices vem da gravidade e frequência de crimes que provocam a decretação de prisão. "Se os juízes decretam prisões temporárias e preventivas é porque a lei permite. Que cuidem de revogar a lei, se acham que ela é excessiva, porque o Ministério Público vai pedir a prisão quando necessário", afirma.
Para Sandro Torres, há uma tendência de diminuir as prisões provisórias porque esse recurso têm sido utilizado com mais cautela pela Polícia e pelo Ministério Público. "Há a possibilidade ainda de mudança na legislação para restringir a necessidade de prisão por crimes menores, até porque o sistema carcerário brasileiro não suportaria que mais condenados chegassem à prisão", afirma.
Autor: Conjur/Fabiana Schiavon

A morte de Rubens de Quadros Ribas, ex-chefe da Polícia Civil


Faleceu hoje (03 de junho de 2011) em Curitiba o delegado de policia aposentado Rubens de Quadros Ribas  o sepultamento será as 16 horas no cemitério Parque Iguaçú. Rubens foi o Delegado Geral (chefe da Policia Civil) no governo José Richa de 1983 a 1985 . A gestão de Ribas como era conhecido foi revolucionária ao lado do Secretario de Segurança Luis Felipe Haj Mussi. Ribas rompeu com as tradições , a cultura e os costumes anacrônicos da área policial. Renovou os quadros de Delegados e de todas as carreiras , foi em sua gestão que os policiais receberam de José Richa a incorporação das gratificações aos salarios e a paridade na aposentadoria. Até então (1983) os Delegados ao aposentar-se tinham seus salarios reduzidos a menos da metade o que fazia com que permanecessem na carreira até a compulsória aos setenta anos ou até a morte. Quando morriam as viúvas recebiam uma pensão de apenas um terço do vencimento em vida.

Era comum ver viúvas de Delegados serem contratadas como serventes em Delegacias , que dizer então das viúvas dos investigadores ? Com Ribas , Mussi e as decisões humanistas de José Richa tudo mudou e a paridade foi conquistada para todos os policiais com a integralidade das pensões . Foi ainda nessa gestão que todos os servidores públicos conquistaram o décimo terceiro salário até então inexistente para a categoria que era discriminada.
Lembro como amigo , colega e então Presidente da Associação dos Delegados, da dura oposição sofrida por Ribas de parte de uma minoria de Delegados viciados, comprometidos com a repressão  e corruptos e que se opunham violentamente as mudanças. Ribas foi ameaçado de morte , teve seu gabinete invadido por policiais armados e dispostos a mata-lo mas com serenidade e determinação inabalável enfrentou a todos e os colocou no ostracismo.
Dizem alguns colegas de muita credibilidade que em termos de modernidade , avanços democráticos e mudança de rumos a Policia Civil divide-se em dois periodos , antes e depois de Richa pai , Mussi e Ribas . Os três agora estão já no andar de cima , juntos enfrentaram preconceitos  e o obscurantismo remanescente dos anos de chumbo.

Foi entretanto com suas virtudes e desassombro que iluminaram os corações e as mentes de toda uma geração que se seguiu e brotou do rompimento com as trevas políticas . Deixaram cedo esta vida terrena, mas muito antes de partir e em breve tempo  alteraram o curso da historia dos direitos humanos no Paraná e o roteiro  do atrazo na administração pública. Foram forças e vozes que silenciaram mas que ainda vão ecoar indefinidamente  no canto de saudade  dos que  tem memória .

Homem é detido com droga e celular no ânus


Agentes penitenciários identificaram que um detento do sistema semi-aberto entrou na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL) portando celular, carregador e porção de cocaína dentro do presídio. Uelber Francisco Pierry Fernandes de Oliveira tentava negociar os objetos com outro detento.
Ao perceberem a atitude suspeita do preso do regime semi-aberto, Oliveira foi encaminhado para interrogatório onde confessou carregar objetos e droga dentro do corpo. Ele foi encaminhado ao 6º Distrito Policial, onde foi indiciado por ameaça, desacato, porte de droga para consumo pessoal e favorecimento real.
Rodrigo Hartman, outro preso do sistema semi-aberto também foi flagrado com droga no ânus. Ele foi indiciado por porte de droga para consumo pessoal. Fonte: bonde.com.br

Agentes penitenciários terão porte de arma


Deputados derrubam veto do ex-governador Roberto Requião contra projeto que dá direito a agentes de se armarem
Ainda neste ano, os agentes penitenciários do Paraná poderão portar arma de fogo no estado, inclusive fora do horário de serviço. A Assembleia Legislativa derrubou ontem o veto do ex-governador Roberto Requião (PMDB) ao projeto do ex-deputado Professor Luizão (PT) que liberava o porte. O governo estadual vai treinar os agentes penitenciários nos próximos meses antes de a medida passar a ser aplicada.
Durante todo o governo Re­­quião, a categoria fez protestos e paralisações para conseguir a permissão de portar arma de fogo. As principais manifestações ocorreram após os assassinatos de oito agentes nos últimos dois anos – segundo os colegas, os crimes tiveram relação com vingança de ex-presidiários, que se aproveitaram da falta de segurança dos agentes fora do horário de serviço. Apesar dos assassinatos, Requião sempre se posicionou contrário à liberação do porte de arma aos agentes penitenciários.
A posição do peemedebista foi reforçada em 2008, quando ele vetou o projeto aprovado pela Assembleia para permitir o porte à categoria. Ontem, entretanto, por 42 votos a um – além de duas abstenções –, os deputados derrubaram o veto do ex-governador com o aval do líder do governo, Ademar Traiano (PSDB).
Coldre vazio
Projeto de lei estadual de 2008, vetado pelo ex-governador Roberto Requião, regulamenta legislação nacional sobre o porte de arma por agentes penitenciários:
2003 – A Presidência da República cria o Sistema Nacional de Armas, proibindo o porte de arma em todo o país, com exceção para os agen­tes de segurança (polícia, Exército) e penitenciários. Caberia aos estados, porém, criar regulamen­tações estaduais para a lei.
2008 – A Assembleia Legislativa do Paraná aprova projeto de lei do deputado Professor Luizão que regulamenta o porte de arma por agentes penitenciários no estado, mas o então governador Roberto Requião (PMDB) veta a medida.
Jan 2011 – O agente penitenciário Carlos Alberto Pereira é assassinado, em Curitiba. Os colegas protestam e atribuem o crime a uma vingança de ex-presidiário.
Ontem – Por 42 votos a um, a Assembleia derruba o veto do ex-governador ao projeto, que segue para promulgação pelo Executivo Estadual.
Pela proposta, o porte passa a ser liberado aos agentes penitenciários, com a exigência de que a arma esteja sempre acompanhada do certificado de registro e da carteira de identidade funcional do servidor. Agora, o governador Beto Richa (PSDB) tem 48 horas para promulgar a lei.
“Houve um entendimento com a categoria e uma conversa prévia com os secretários de Justiça e de Segurança Pública para derrubarmos o veto”, afirmou Traiano. “Trata-se de uma profissão de alto risco, mesmo fora do horário de trabalho. Afi­nal, eles estão sempre enfrentando marginais. É uma medida importante para a segurança da população.” Segundo ele, o governo do estado dará um treinamento “rígido” antes de liberar o porte aos agentes e estabelecerá normas claras para evitar qualquer tipo de problema com a medida.
O petista Tadeu Veneri, no entanto, que votou pela manutenção do veto, defendeu que deveria ter havido uma discussão mais ampla da matéria. De acordo com ele, os problemas de segurança pública no Paraná não serão resolvidos ao armar ainda mais a população.
Comemoração
O vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Antony Johnson, afirmou que a derrubada do veto foi recebida com alívio pela categoria. “É uma vitória. Agora, todos os criminosos do estado vão pensar duas vezes antes de atentar contra nossas famílias”, desabafou.
Segundo Johnson, a mudança de governo no início do ano reacendeu as esperanças da categoria e o sindicato iniciou novas articulações políticas pela derrubada do veto. “Tanto a Secretaria de Justiça quanto a Assembleia eram favoráveis à nossa causa. Além disso, o deputado federal Francischini (PSDB-PR), que nos representa, explicou ao governador a brecha na lei que nos impedia de portar armas”, argumentou.
Até ontem, o Paraná, ao lado de Pará e Amapá, estava entre os únicos estados a não ter regulamentado em âmbito estadual a Lei Fe­­deral n.º 10.826/03, que trata do porte de arma para agentes.
Fonte: www.fabiocampana.com.br

Meu vizinho é um psicopata


Você conhece algum psicopata? Pense bem antes de responder que não. Quando ouvimos essa palavra, logo pensamos em criminosos violentos, serial killers, como vemos na TV e no cinema. Mas a verdade é que nem todos eles são assim.
Psicopatia é o termo mais popular para nos referirmos à sociopatia, distúrbio que se caracteriza pela falta de consciência e que é bem mais comum do que imaginamos, atingindo uma em cada 25 pessoas.
Entre seus principais "sintomas" estão: incapacidade de adequação às normas sociais; falta de sinceridade e tendência à manipulação; impulsividade; irresponsabilidade persistente e ausência de remorso.
Para atingir seus objetivos, o psicopata é capaz de mentir, roubar, manipular e até matar sem sentir culpa alguma. Talvez seja um marido agressivo, um pai que maltrata os filhos ou um chefe que humilha os funcionários.
Embora saibam o que é certo ou errado, os sociopatas simplesmente não se importam com isso. Conhecem as regras da sociedade e entendem como nós, pessoas com consciência, agimos e pensamos - e lançam mão disso para nos manipular e circular despercebidos em nosso meio.
"Uma em cada 25 pessoas é um psicopata - sem consciência, sem culpa. Pode ser seu chefe cruel ou ex-marido louco. Este é um excelente guia para reconhecê-los."
Fonte: livraria.folha.com.br

Dramas de família


O sofrimento dos pais de jovens de classe média que se envolvem com o tráfico


"Fiz tudo o que estava ao meu alcance"


"Tenho três filhos e todos se envolveram com drogas. Os mais novos estão em recuperação. O mais velho está na cadeia há três anos. Ele começou fumando maconha, aos 13 anos. Cinco anos depois, foi preso pela primeira vez. Passei anos me perguntando onde foi que eu errei. Hoje, graças ao Nar-Anon, um grupo de ajuda aos familiares de dependentes químicos, percebi que fiz tudo o que estava ao meu alcance para dar uma vida boa a eles. Estudaram nos melhores colégios, tinham conforto em casa. A decisão de usar drogas foi deles. Nenhuma mãe consegue vigiar o filho durante 24 horas. Ele pode colocar cocaína embaixo da unha e cheirar na sua frente que você nem vai saber! O F. está preso por tráfico e não vou ser boba de dizer que ele nunca vendeu na minha casa. Quem garante que aqueles amigos que apareciam lá não iam para comprar? Fico preocupada com o que ele vai fazer depois da cadeia. Das outras vezes, voltou a se drogar porque não arrumou emprego. E ainda saiu com mais contatos para conseguir droga."
D.T., 67 anos, dona-de-casa, mãe de F., 45 anos, condenado a onze anos de prisão por tráfico.
Ainda não eram 7 horas da manhã. O latido insistente do cachorro, um robusto weimaraner, despertou a família. No portão da casa, numa rua tranqüila do Humaitá, quatro policiais da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) exibem um mandado de prisão em nome de Pedro Paulo Farias David, 23 anos. Para a família, um jovem carinhoso que todas as semanas levava a avó ao médico e acabara de entrar na faculdade de design gráfico. Para a polícia, integrante de uma das principais quadrilhas de traficantes de classe média alta do Rio, que vendia drogas em festas, boates, universidades, academias e ruas da Zona Sul. "A vida parou ali", descreve o advogado Paulo Roberto David, 57 anos. "É uma dor imensa ver seu filho, que você acredita ser no máximo usuário, tachado de traficante." Pedro Paulo não estava em casa. Já havia saído rumo à faculdade, onde foi preso horas mais tarde, dentro da sala de aula. No mesmo dia, mais oito jovens com perfil socioeconômico semelhante foram presos, acusados de vender drogas sintéticas, como ecstasy e LSD, além de maconha, haxixe e skank. Não foram casos isolados. Em três anos, pelo menos setenta rapazes e moças cheios de oportunidades na vida, que praticavam esportes, estudavam, dominavam a internet e, à primeira vista, não despertavam suspeita viram a polícia do Rio bater a sua porta.
"Descobri que minha filha vendia drogas aos 16 anos, quando encontrei maconha na sua bolsa. Eles não se acham traficantes. É passador, qualquer nome, menos traficante. A gente também minimiza, bota uns óculos cor-de-rosa na história. Ela fez tratamento e chegou a parar com tudo. Mas agora, na faculdade, está vendendo cocaína e ecstasy com o namorado. Freqüenta uma clínica para dependentes, mas tenho medo de que seja presa ou morta por traficantes." (L., 43 anos, empresária, moradora de Ipanema, mãe de S., 21.)

Operação Octógono: jovens da Zona Sul presos por vender drogas
Só neste ano, a Polícia Federal apreendeu cerca de 160 000 comprimidos de ecstasy, número oito vezes maior do que em 2006. "Junto com o aumento do ecstasy no país tem crescido o tráfico na classe média", afirma o delegado Victor César Carvalho dos Santos, chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF, no Rio. "Eles são atraídos pela falsa sensação de impunidade", diz a delegada titular da DCOD, Patrícia de Paiva Aguiar. "Como não andam armados nem participam de ações violentas, não se vêem cometendo crime igual ao traficante do morro." Durante a Operação Octógono, que resultou na prisão dos nove jovens da Zona Sul em 8 de novembro, 16 000 ligações telefônicas foram grampeadas. Sete dias antes, outros cinco moradores da Barra, Recreio e Jacarepaguá haviam sido presos sob a acusação de traficar drogas sintéticas. Três deles tinham participado, na semana anterior, da festa rave de Itaboraí (Região Metropolitana) em que o estudante Lucas Maiorano, 17 anos, morreu e dezoito pessoas foram hospitalizadas com intoxicação por drogas.
"O choque foi generalizado"

 Gilda Sobral Pinto

João Guilherme Estrella


"O telefone tocou na minha casa numa segunda-feira, por volta das 23 horas. Do outro lado da linha era o João Guilherme pedindo um advogado porque tinha sido preso em flagrante com 6 quilos de cocaína e acusado de tráfico internacional. O choque foi generalizado. A família não tinha noção da sua vida sem limites, das festas intermináveis, das drogas em abundância, das viagens à Europa... Para a gente ele tinha parado na maconha e na adolescência. Nunca vi uma pessoa chorar do jeito que a mãe dele chorou quando soube da prisão. Acho que ele foi por esse caminho pelo desejo de aventura, mas era um rebelde contra nada. Teve uma infância alegre e estruturada. Após a morte do pai, de câncer, resolveu seguir um de seus lemas: ser feliz a qualquer custo. Como psicóloga, fiz um laudo para ser anexado ao processo. Eu o descrevi como um adolescente de 35 anos, idade que tinha na época. A sua salvação foi a sentença da juíza, que percebeu que era um dependente, recuperável, e, se ficasse muito na cadeia, corria o risco de virar um marginal."
Gilda Sobral Pinto, 70 anos, tia de João Guilherme Estrella, 46. Nos anos 90, o jovem da elite carioca se transformou no barão da cocaína da Zona Sul. Sua história inspirou o livro Meu Nome Não É Johnny, que foi adaptado para o cinema e chega às telas em janeiro.
"As operações mostram que esses traficantes comercializam pontualmente maconha e cocaína e, com intensidade, drogas sintéticas", conta Gilberto Ribeiro, chefe da Polícia Civil. É um negócio movido, sobretudo, a bala (nome pelo qual o ecstasy é conhecido). Em festas rave, os playboys do tráfico, como são chamados pela polícia, vendem por preços entre 25 e 50 reais cada comprimido adquirido de fornecedores por valores que variam de 10 a 15 reais.
"A gente nunca espera que um filho criado com todo carinho se envolva nisso. Sabia que ele usava maconha fazia dois anos. Tinha terminado os estudos, era percussionista. Há quatro meses tivemos uma conversa séria e ele disse que havia deixado a droga. Veio a prisão. Não dá para ficar 24 horas atrás de um filho." (Luiz Gama, 50 anos, funcionário público, morador de Copacabana, pai de Thiago Gama, 24 anos, preso na Operação Octógono).
O tráfico no asfalto é visto como uma ação entre amigos. "Todo mundo sabe quem fornece, mas os envolvidos não se vêem como traficantes", observa o delegado Carvalho dos Santos, que em 2006 prendeu doze jovens da elite carioca na Operação Tsunami. "Eles não chamam a atenção da polícia", completa Giovanni Quaglia, representante do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime no Brasil. No caso do ecstasy, a falsa idéia de droga limpa – não está associada à violência, não tem cheiro e é fácil de esconder (lembra uma aspirina e pesa cerca de 250 miligramas) – alavanca as estatísticas. De acordo com o relatório da ONU, divulgado em junho, o Brasil é o país que mais consome anfetaminas e ecstasy no Cone Sul (Chile, Paraguai, Uruguai e Argentina). Calcula-se que 0,9% da população entre 15 e 64 anos use esses entorpecentes, o equivalente a 1 milhão de pessoas. "Já atingiu o consumo da cocaína, perdendo só para a maconha", frisa Quaglia. "Não dá para negar que as drogas fazem parte do amadurecimento e que uns experimentam e outros se entregam", pondera o cineasta Marcos Prado, que produziu Tropa de Elite e se prepara para dirigir Paraísos Artificiais, sobre drogas sintéticas. Em janeiro, chega às telas outro filme que aborda as drogas longe dos morros. Meu Nome Não É Johnny, dirigido por Mauro Lima e inspirado no livro homônimo de Guilherme Fiuza, conta a história real de um jovem da classe média que chegou à elite do tráfico.
"Penso em ser presa para ficar perto dele"


"Este vai ser o segundo Natal que passo longe do meu filho. Minha vida virou um inferno: entrei em depressão e emagreci 25 quilos. Cheguei a pensar que a única solução seria pular da janela. Só não cometi essa loucura porque sei que ele precisa de mim. Eu sempre soube que ele se drogava, mas nunca achei que maconha fosse uma coisa do outro mundo. Eu mesma fumava na adolescência. Então, por que a hipocrisia? Mas também dei limites. Durante a semana, por exemplo, era proibido porque maconha atrapalha os estudos. O R. está tão traumatizado que disse que nunca mais quer ver um baseado! Hoje, estou melhor, mas ainda sofro bastante. Quando vejo uma paisagem bonita, fico com o coração doendo porque ele não pode apreciá-la. Se provo uma comida gostosa, a consciência pesa porque ele não tem esse privilégio. Tenho pensado em fazer algo para ser presa. Quem sabe assim fico perto dele?."
M.G, 53 anos, funcionária pública, mãe de R., 30 anos, preso na Operação Tsunami e acusado de fazer parte da maior quadrilha de traficantes de drogas sintéticas do Rio. Foi condenado a dezesseis anos de prisão.
"Experimentei maconha aos 14 anos. Depois vieram os ácidos, a cocaína. Segui movido pela curiosidade. Virou inconseqüência. Deixei para trás a faculdade, a música. Cheguei a ter em mãos 15 quilos de pó. Nas viagens à Europa, recebia até 150 000 dólares em espécie. Torrava tudo. Fui preso aos 35 anos. Amadureci, sobrevivi, mudei. Levei vinte anos usando drogas e descobri que a maior viagem é a lucidez." (João Guilherme Estrella, 46 anos, cantor e produtor musical, que inspirou Meu Nome Não É Johnny. Condenado por tráfico, passou dois anos num manicômio judiciário).
A sedução do lucro fácil, o fascínio pelo risco, a sensação de ser o centro das atenções. São muitos os motivos para embarcar nas drogas e seguir viagem no tráfico. "Vários usuários traficam para bancar o próprio vício", atesta a psiquiatra Analice Gigliotti, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas. "Mudam as companhias, cai o interesse pelos estudos, o celular não pára de tocar." A família tem papel fundamental para evitar o envolvimento com o tráfico. "Deveria ocupar o tempo dos filhos, impor limites", diz a psicóloga Selene Franco, que trabalha com dependentes. Para a psiquiatra Maria Thereza de Aquino, presidente do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad), os jovens de hoje têm características especiais. "Vivemos a época do consumo, da opulência e do imediatismo", comenta. "É preciso dialogar com os filhos, mas não de forma moralista ou os amedrontando."
"Meu marido quase teve um infarto quando soube da dimensão do problema em que nosso filho tinha se metido. A cabeça deu um nó, o mundo desabou. Nunca esperávamos que aquele garoto bonito e estudioso fizesse uma coisa daquelas. O tempo passa, mas a ferida não fecha." (V., 50 anos, moradora do Recreio, mãe de C., 23 anos, preso em 2005 com 33 000 comprimidos de ecstasy, uma das maiores apreensões do país. Pegou quatro anos de prisão, convertidos em pena alternativa.)
"Preciso de ajuda para secar minhas lágrimas"

"Vivo um velório sem cadáver. Converso, choro, os dias passam, mas a sensação continua. Meu filho é estudioso, levava a avó ao médico, é amoroso. Não teria tempo para ser traficante. Em setembro, eu o flagrei fumando maconha na varanda. A mãe já sabia e me escondia. Fui atrás de filmes como Carandiru e Notícias de uma Guerra Particular. Vimos e choramos juntos. Prometeu que não usaria mais. Um mês depois foi preso. Aparece em uma gravação da polícia comprando droga e dizendo que era para um amigo. Ele me garantiu que falou isso só para abaixar o preço. Sou advogado criminalista. Defendi os filhos de muitas mães. O que eu peço a Deus agora é que, da mesma forma que ajudei a enxugar as lágrimas de tanta gente, alguém ajude a secar as minhas. Não tenho condições emocionais de defender meu filho. Nunca havia tomado calmante na vida. Agora tomo. O que vou fazer? O que eu faço desde que o meu filho nasceu: estar ao lado dele." Paulo Roberto David, 57 anos, pai de Pedro Paulo Farias David, 23, preso pela Operação Octógono dentro da sala de aula, na Universidade Estácio de Sá, no Centro.
Hoje seria diferente. A lei antidrogas, alterada em 2006, se tornou mais branda para o usuário – penaliza com a prestação de trabalhos comunitários –, mas endureceu para o traficante. "O delito de tráfico não pode mais ser convertido em pena alternativa", explica o criminalista Patrick Berriel. A pena para o tráfico de drogas é de cinco a quinze anos de reclusão. "Não acho que cadeia resolva, a questão principal é a prevenção", ressalta Kátia Tavares, vice-presidente do Instituto dos Advogados do Brasil.
"Não tem coisa pior para um pai do que ver seu filho morto ou na prisão. O meu foi preso, acusado de integrar uma quadrilha de drogas sintéticas. Era usuário de maconha e ecstasy. Passou por vários presídios, junto da pior escória. Todo dia eu rezava para agradecer o fato de ele não ter sido morto na noite anterior. Quando foi solto, decidi tirá-lo do Rio. Num sistema falido, as ofertas ilícitas não têm fim." (P., 45 anos, pai de L., 22, preso em Niterói em 2005 e absolvido em segunda instância, após dois anos na cadeia).
Jovens, festas, música eletrônica. A combinação, associada ao ecstasy – normalmente vindo da Holanda –, pode ser bombástica. "Existem indícios de que a droga também seja produzida aqui", diz o inspetor Ricardo Di Donato, da DCOD. O ecstasy é uma metanfetamina, estimulante do sistema nervoso central. Fabricado pela primeira vez em 1914, já foi usado como moderador de apetite. A droga causa sensação de euforia, acelera batimentos cardíacos, eleva a temperatura e desidrata o organismo. "Esses jovens acham que não estão cometendo crime algum, que só facilitam a vida dos amigos vendendo drogas", afirma Silvana Maiorano, mãe do estudante Lucas, que morreu na rave de Itaboraí, no fim de outubro. "Por causa disso, perdi meu filho no auge da vida."

"É muito sofrimento ver o filho algemado"


"Uma pergunta não sai da minha cabeça. Por que o meu filho entrou nessa história? Foi um choque, chorei muito, passei uma semana fora do ar. É muito sofrimento para uma mãe ver a polícia bater na sua porta, tirar seu filho da cama gritando ‘Acorda, playboy’ e vê-lo sair algemado. Sempre fomos amigos, conversávamos sobre tudo, inclusive sobre os riscos das drogas. Nunca passou pela minha cabeça sequer que ele usasse. É um menino educado, tranqüilo, cheio de sonhos. Estava terminando o ensino médio, suas notas eram boas, adorava surfar. Há um ano ele começou a freqüentar essas festas rave. Nunca notei nada diferente no seu comportamento. Trabalho muito, mas estava sempre ligando para casa, sabia aonde meu filho ia. Não entendo por que ele se envolveu com essas coisas e chegou a guardar droga em casa. Se eu não tivesse visto os comprimidos de ecstasy na mão do delegado, encontrados na mesinha do seu computador, acharia que era mentira."
M., 39 anos, guia de turismo, mãe de Samuel Carvalho de Oliveira, 21 anos, acusado de fazer parte de uma quadrilha que negociava ecstasy em raves. Foi preso no dia 1º de novembro.
 
"Meu filho é o 21º no corredor da morte"


"Assisti no Jornal Nacional ao juiz condenar meu filho à morte, do outro lado do mundo. Não dormi durante noites. Aquela cena nunca mais saiu da minha cabeça. A vida ruiu. Em quatro anos, engordei 20 quilos. Fico vendo esses jovens presos por tráfico e imaginando que vão padecer em cadeias horrorosas. Marco está numa prisão na Ilha de Java onde não é tratado como bicho, tem quadra de tênis, campo de futebol e academia de ginástica. Mas aquele jovem que amava voar não tem mais nenhuma esperança. É o 21º no corredor da morte. O primeiro pedido de clemência foi negado. O segundo e último, que pode livrá-lo do fuzilamento, será feito pelo governo brasileiro nos próximos meses. Tento me manter otimista, mas nunca atenderam ao pedido de clemência de nenhum país. Não consigo compreender como ele entrou nessa. Ele nunca me deu trabalho, estudou nas melhores escolas do Rio, freqüentou a Hípica, o Country Club. Agora está envelhecido, sozinho. Como é longe e caro ir à Indonésia, só consigo visitá-lo uma vez por ano. Vou agora, para passar o Natal."
Carolina Archer, 68 anos, mãe do instrutor de vôo livre Marco Archer Cardoso Moreira, 45 anos, condenado à morte na Indonésia. Ele foi flagrado, em 2003, entrando no país com 13,4 quilos de cocaína em uma asa-delta.
 
Sinais de alerta
O que os pais devem observar no comportamento dos filhos:
Queda no rendimento e no interesse escolar.
Mudança de companhias, afastamento dos antigos amigos e da família.
De uma hora para outra aparece com dinheiro ou com algum objeto que não teria como comprar.
Alteração nos horários de sono.
Usa dois ou três aparelhos de telefone, que tocam sem parar.
Mudança de personalidade. Longos períodos de isolamento.
Mudança de peso. Aumento ou perda do apetite. Náusea, tosse crônica, frio constante.
Perda de concentração e de memória, pensamento lento, irritabilidade ou depressão.
Fonte: vejabrasil.abril.com.br